Pobreza é estado de espírito, e não extrato bancário

Infância:

Walcir era um menino pobre, negro, sem estudos e além de um pai foragido da polícia, tinha uma mãe alcóolatra. Ele e seus quatro irmãos (cada um de um pai diferente) dividiam um quarto minúsculo na periferia de São Paulo. Além do espaço, tinham a comida contada e o dever de catar papelão diário. Fizesse chuva ou sol. Em seu tempo livre, gostava de jogar bola na terra com seus milhares de amigos.

Plínio por sua vez, era rico, ruivo, branco e falava três línguas. Tinha de prontidão tudo que pedisse aos seus pais. e vivia sendo mimado: Ia pra escola quando tivesse vontade. Em dias de chuva, podia acordar mais tarde e ter aulas dentro da própria casa. Seu quarto era amplo e iluminado, com vitrais enormes e coloridos. Era filho único e tinha poucos amigos.

Adolescência:

Walcir comia pouco, era forte porque trabalhava muito e sorria sempre. Vivia cercado por drogados e bêbados, jurou que nunca seria igual à eles.

Plínio comia muito, teve que fazer redução do estômago muito cedo, não sabia o significado da palavra trabalho e vivia de mau humor. Se meteu nas drogas porque queria impressionar. Acabou numa clínica de reabilitação aos 19.

Maturidade:

Walcir estudava à noite (ia apenas em dias que não estava morrendo de sono ou fome) e se formou numa faculdade pública com muito esforço. Conseguiu um emprego relativamente bom. Conheceu a mulher de sua vida, casou e teve 3 filhos que tratava com todo amor do mundo. Atingiu a classe média e lutava sempre para dar o melhor para sua família. Era feliz como sempre fora, mas agora confortavelmente.

Plínio largou os estudos porque queria viajar. Acomodou-se com a herança dos pais e decidiu que viveria de farra. Transou com milhares, mas nunca conheceu o significado da palavra amor. No fim das contas, tinha que pagar por sexo. Perdeu boa parte da herança por não saber economizar. Estava infeliz como sempre fora, mas agora menos confortavelmente.

Velhice:

Walcir comprou imóveis, soube guardar dinheiro, fez trabalhos voluntários, educou os filhos e netos muito bem. Tinha a melhor família do mundo, gabava-se. Morreu por causas naturais, teve um lindo enterro e deixou sua boa lembrança na Terra.

Enquanto Plínio tornou-se cada vez mais miserável, a ponto de viver de favor, implorar por sexo e tornar-se foragido da polícia. Morreu novo, levou um tiro de bala perdida. Foi enterrado numa cerimônia simples, com pouquíssimas pessoas além do seu filho bastardo, o Walcir.

E nessas horas eu pergunto: É REALMENTE o ambiente que faz o homem? Das escolhas que a gente faz na vida, sempre há outro caminho. Cabe a você escolher o melhor deles. Pense nisso: Não importa como você começou, mas quer terminar como Walcir ou Plínio? 😉

Pobreza é um estado de espírito, e não um extrato bancário. Suas atitudes o definem, nunca seu dinheiro.

E SaiDaqui!

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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7 comentários

  1. Muuito bom! Adorei o texto x) e realmente, quero acabar como Walcir. =)

  2. Gostei. Faz a gente refletir…

  3. Caraca. Depois desse texto a Amanda oficialmente precisa investir em ser escritora.

  4. E o melhor é quando não ligamos um ao outro. Nem todo o rico é ruim, nem todo pobre é bom… Depende do caráter, da criação e, como vc bem disse: Das escolhas.
    Cheiros!
    @MonikaSouzaS

  5. Obrigada galera. E obrigada @piovezan : Garanto que já estou planejando algo do gênero 😉

  6. Eu já presenciei cenas impressionamentes que me valeram lições pra vida toda.
    E com certeza mais vale ser um Walcir de coração bom do que um Plínio podre por dentro.

    O único problema é que hoje os valores parecem invertidos… e é por isso que as pessoas como o Plínio são cada vez mais comuns.

    “O problema não é ter dinheiro é sua atitude… diz quanto é então?”

    beijão pra vc Amanda…

    tatá

  7. O grande problema na real é que nós não fazemos nada para mudar tudo isso…
    Infelizmente só pensamos nas nossas vidinhas…
    Concordo que não é o ambiente que faz o homem… mas quantos Walcirs existem no mundo?
    Nem todo mundo tem força de vontade para enfrentar a fome e não cair no tráfico…
    E quando assistimos o Tropa de Elite 1 não entendemos pq o André bate nos mauricinhos da faculdade…
    Vale rever os dois filmes só que analizar com olhos diferentes…

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