Nova vida nova, de novo

Caminhava sozinho pela rua, agora já sem rumo, porque sabia que se olhasse para os lados nem reconheceria onde estava.

Já não importava. Precisava de um bar. Queria muito um conhaque.

Na verdade, queria mudar de vida. Mas naquela hora, um conhaque serviria. Precisava reorganizar-se.

Era quarta-feira monótona de um dia exaustivo de trabalho. Ao chegar em casa, encontrou o apartamento vazio. Ela tinha feito as malas, sem avisar, e do nada, foi embora. Não deixou nem um bilhete.

No fundo, ele saberia que isso aconteceria um dia. Mas vivia tanto de esperar que já não esperava mais.

Ele chorou. Mas chorou por impulso. Talvez por medo da solidão. Pela incerteza do que seria feito dali pra frente. Não tinham filhos. Nem animais de estimação. Ainda assim, eram 6 anos de casados. Acostumaram-se. Ele não sentiu-se triste.

Agora, fora da zona de conforto que chamavam de casamento, restavam ele, as meias espalhadas pelo apartamento e a louça por lavar. Não tomaria mais bronca por deixar a toalha molhada na cama.

Precisava beber. Sentou na mesa que ficava na calçada. Pediu um conhaque, e fechou os olhos. Queria sentir o vento, como se aquele fosse o segundo da sua liberdade declarada.

Uma puta se ofereceu para um programa enquanto passava. Ele chegou a cogitar, mas negou. Aquela noite seria dele. Ele, com ele mesmo. Pediu mais uma dose, uma porção de amendoim, e uma vida diferente.

Decidiu que aquele, seria o começo de uma mesma vida, que agora era só dele. Refez os planos, os sonhos, os projetos de vida. Repensou seus contatos, as pessoas importantes. Decidiu que amor existe, mas que agora ele já não tinha pressa de encontrar. Sorriu, pagou a conta, e foi pra casa cantarolando.

SaiDaqui!

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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4 comentários

  1. Eu já abri essa caixa de comentários algumas vezes em outros posts, mas nunca cliquei no tal do “Submit Comment”. Dessa vez, não me pergunte a causa, mas eu vou clicar. 😉
    Mudando uma coisinha aqui, outra ali (no meu caso duas coisinhas aqui) eu meio que me encontrei em algumas muitas linhas.
    Só esse lance de encontrar o amor que eu não concordo. O amor simplesmente acontece, aparece, cai do céu ou a gente tromba numa balada…
    E aí, a gente vai dormir tarde da noite, sorrindo e cantarolando…

  2. Mais uma vez surpreendente belas palavras e uma bela história. E assim caminha a vida, sempre mudando e começando novamente!

  3. Parabéns, pelo estilo simples, franco e limpo de escrever!

  4. Clap clap clap! Aplausos á minha querida amiga! DE PÉ! 😀

    Amo vc catarrenta! pela sua transparência linda!

    Tu tem alma cheirosa, gestos simples que fazem toda a diferença….

    e…

    é isso!

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