Obrigada por ter ido embora

Escuto no silêncio que sua voz sempre deixa de dizer muito mais do que o coração teria dito se a boca ou o orgulho tivessem permitido pegar o telefone[bb] e discar aqueles números.

Esses mesmos números tão conhecidos pela memória, a ponto dos dedos traírem e serem ainda mais rápidos sempre que precisava utilizá-los: um movimento quase automático que eu sempre tinha que me lembrar de esquecer.

Era pra acalmar a inquietude da alma que fingia já ter ouvido aquelas palavras que ainda não tinham sido ditas. Ou a vontade de gritar e quebrar[bb] tudo que fazia calar e sorrir amarelo.

Olhar para o mundo e realmente desejar que aquele fosse um bom dia ainda levou algum tempo. E paciência. O mesmo tempo que o coração levou para tornar aquela história que tivemos num filme mudo; branco e preto, esquecido no fundo da memória e sem final feliz.

E foi exatamente nesse dia que eu desejei que você fosse feliz longe de mim, pela primeira vez depois de anos. Porque é somente quando o tempo permite que as lembranças se apagam e os amores se esvaem.

Hoje o coração carrega uma placa escrita “há vaga” – e a culpa é sua, por tanto ter me decepcionado. Repetida e constantemente.  O que restou? Apenas obrigada. Por ter ido embora.

SaiDaqui!

 

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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