Me lembrar de te esquecer
Escuto no silêncio que sua voz sempre deixa de dizer muito mais do que o coração teria dito se a boca ou o orgulho tivessem permitido pegar o telefone e discar aqueles números.
Esses mesmos números tão conhecidos pela memória, a ponto dos dedos traírem e serem ainda mais rápidos sempre que precisava utilizá-los: um movimento quase automático que eu sempre tinha que me lembrar de esquecer.
Era pra acalmar a inquietude da alma que fingia já ter ouvido o que ainda não tinha sido dito. Ou a vontade de gritar e quebrar tudo que fazia calar e sorrir amarelo.
Olhar para o mundo e realmente desejar que aquele fosse um bom dia levou tempo. E paciência. O mesmo tempo que o coração levou para tornar aquela história que tiveram num filme mudo; branco e preto, esquecido no fundo da memória e sem final feliz.
Só via agora, de fora, que tudo aquilo foi um amor inventado, romantizado de forma idiota e infantil por mim mesma. A própria traidora da história que eu insistia em narrar, achando que o “felizes para sempre” chegaria qualquer dia daqueles, feito mágica.
Trago hoje (e por sua causa), um sorriso amarelo, uma lágrima escondida e um ceticismo incomparável à tudo que diz respeito à esse tal amor. Sentimento forte (e perigoso) demais para alguém que não sabe viver pela metade.
Mas naquela voz que a alma sempre insiste em ter, mesmo que baixinha e contida dentro do peito, pedindo delicadamente que aos poucos se deixe amar de novo, me rendi e encontrei outra pessoa. Com medo; feito gato escaldado com receio qualquer de água fria, deixei lentamente que ele se aproximasse.
E foi assim, que você foi embora de mim. Esvaeceu-se no sentimento que já não é. Matei e enterrei você, sem nunca mais ter sido traída pela mente, ou o coração. Nunca mais tive que me lembrar de te esquecer.
SaiDaqui 😉
06/08/2012
Bonito texto, Amanda! =)
07/08/2012
Sensacional!
Adorei mais uma vez.
Beijao