Conversa imaginária com um tio inexistente

– Vi uma foto sua com umas meninas te lambendo no Facebook. Menina, você não tem jeito mesmo, né? Quase tem uma placa “assustadora de homens” no seu pescoço!

– Hahahaha, gente, como assim?

– Ah, você não é a guria mais quietinha do mundo, e acaba que suas coisas (textos, fotos e afins) te expõem um pouco. E num mundo de homens assustados nessa sua geração, não é todo mundo que segura essa barra.

– Ah, entendi seu ponto. Mas no fundo, meus textos são apenas sinceros (às vezes demais, entendo), mas dizer que eles me expõem, não é fato. Acho errado que as pessoas me julguem porque eu falo (escrevo) o que penso.

– Não é isso. As pessoas confundem as coisas. Por mais que não seja você ali descrita nos seus textos, os homens imaginam. E ficam inseguros.

– Como assim inseguros?

– Vamos construir um cenário imaginário, onde um dos seus leitores te conquiste. Você acha que o cara ia se sentir seguro tendo um mulherão do lado?

– Mas eu me doo 100% quando estou com alguém: não dou trela pra zé punheta nem motivo pra ciúme. Quando eu fico de vez com alguém é porque é sério e ponto.

– Mas uma coisa não está atrelada a outra. Eu por exemplo, sou seu fã, mas acho que me roeria de ciúmes o tempo todo.

– Claro que não. É só ter um balanceamento legal entre eu não dar motivo e a pessoa não ser 100% desligada de sentimentos “ciumentícios”.

– Essa sua geração me parece um pouco confusa (apesar de parecer mais bem resolvida em alguns pontos do que a minha). Você pode ser exceção e ser esclarecida, bem resolvida, mas olha em volta: as mulheres se expondo e os homens sendo mais frouxos e inseguros do que nunca.

– Sério que você vê assim? Discorra mais…Mas sem esquecer que a “minha geração” é filha da sua. Ou seja, vocês são nossos pais.

– Concordo, mas nesse caso o meio tem transformado vocês. As pessoas são naturalmente carentes (umas mais, outras menos), e antes da internet, facebook, instagram, Twitter, todo mundo tinha que lidar com isso de outras formas. O comodismo que a internet trouxe é absurdo demais até pra mim. Tipo, bateu uma carência e a guria vai lá, tira umas fotos bem poser e se alimenta de todo o confete que os homens online podem prover, ao mesmo tempo que esses mesmos homens veem mais 265 meninas fazendo a mesma coisa e ficam com o cu na mão com medo da concorrência com suas namoradas. Resumindo, isso tudo tornou as pessoas ainda mais necessitadas de aprovação, de atenção, levando-os a compartilhar coisas que muitas vezes não é interessante pra ninguém.

– As pessoas estão vivendo muito as suas vidas para os outros verem, como se fosse um streaming

a vida ta virando um streaming. Eu fico puta com nego que não olha na minha cara pra conversar, ou que dá prioridade pro celular, por exemplo.

– As pessoas tão ficando cada vez mais chatas e desinteressantes

– Concordo. E o pior: na vida real.

– Such a shame. Cada guria linda no Twitter, mas que não vale uma punheta mal batida. Como vou querer transar com alguém que não tem assunto pra conversar depois do sexo?

– Imaginei a guria pegado o celular e postando no Instagram: “acabei de transar com ele” – HAHAAHHAA – aí ela vira de costas pra você e dorme, sem dizer nada.

– HAHAHAHA, mais ou menos assim. Enfim, é isso, kid. Eu vejo e sei o quanto você é doce atrás de tanta sexualidade e textos sem meias verdades, e sinceramente, é a parte que acho mais foda em você. Cuidado sempre, e keep up the good work.

– Thanks por me entender, tio 😉

SaiDaqui!

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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