Amor: o ridículo da vida
O amor é o ridículo da vida.
Esse monte de clichê e coisa melosa que a gente lê e quer e faz e diz e promete (e às vezes até cumpre) é a essência do ridículo que gostamos de passar na vida, e faz algum sentido: descobri há pouco tempo que no fim das contas, é o que todos querem.
Todos deveriam enxergar essa vida apenas como bonita e breve, do jeito que deve ser: esquecer e abstrair-se dessa ideia de perfeição e conto de fadas que perseguimos, porque ela simplesmente não existe.
Minha vida amorosa, particularmente é uma tragicomédia divertida de contar. Entre familiares e amigos, todos se divertem relembrando as peripécias que já vivi, seja no café da tarde em família ou na mesa do bar, cheia de amigos (e às vezes até desconhecidos). Seja só porque o assunto acabou ou porque estávamos antes numa discussão ferrenha sobre qualquer coisa e queremos amenizar os ânimos ou porquê seja divertido tirar sarro da minha cara, mesmo.
Honestamente, não me importo em ter sido protagonista de tantas histórias divertidas e tristes para contar. Todas elas me deixaram pedaços, me levaram outros e deixaram lembranças. Conto pra quem quiser ouvir e sinto um certo orgulho em ter tanta história diferente, ter gostado de tanta gente e ter feito tanta coisa enquanto tanta gente por aí nunca foi capaz de amar ninguém (nem a si mesmo, se bobear).
Eu? Beijei o primeiro cara aos 12. Feio de doer, coitado – mas ele era simpático (três meses antes do primeiro beijo, bati nele). Namorei, apresentei pra família. Peguei ele me traindo e fumando numa balada. Minha primeira decepção amorosa.
Um ano depois, namorei um cara que parecia o Mr Bean, numa versão mais magra e desengonçada. Andávamos de bicicleta durante a semana e Kombi nos finais de semana (era do pai dele, usava pra vender verduras na feira durante a semana). Nem lembro o que aconteceu, só não deu certo.
Depois veio aquele outro, que era meio mano. Andava de calças caindo e meus pais queriam morrer de ver que o cara era tão tímido que nem conseguia conversar com ninguém direito. Claro que meu jeitinho não colaborou para que o namoro fosse pra frente. No fim das contas, viramos tão amigos que saímos juntos até hoje (eu, ele e a namorada dele).
Aí veio aquele cotoco de gente, todo pagando de santinho, cheio dos piercings e dos problemas na família e na vida, que me deu vontade de cuidar. Depois fui descobrir que era uma demoninho mentirosinho e manipulador, mas até lá, caí na lábia dele, né. De vez em quando ainda nos encontramos pelos bares afora, trocamos um oi sem graça e fica por isso mesmo.
Foi quando conheci o meu primeiro namorado tatuado – e japonês. Minha família queria morrer. Eu achava lindo. A gente se dava bem pra caralho, tinha muito gosto parecido e viajamos e escutamos muita música juntos. Também nem lembro porquê não deu certo. Nunca mais o vi, mas quero muito bem à ele.
Encontrei um bom moço, bancário, simples e sossegado que só: tão sossegado e sem planos que né? Não rolou. Depois um baixinho metido a bombado, que se achava o rei da cocada preta mas nunca tinha dinheiro pra colocar nem gasolina no carro. Afe, passei poucas e boas com ele. Até chegou a levantar a mão pra mim quando tentei terminar, mas meu cachorro me salvou.
Depois dele, aquele outro, grandão, nerdão, barbudão. Nos dávamos bem. Apaixonei, levei pra outro estado comigo. Casamos, compramos apê, fizemos planos. Que não deram certo. Acabou tudo ok, até que dinheiro entrou na briga e eu me ferrei bonito. Aí fodeu tudo e um meio não pode ver o outro até hoje. Paciência.
Aí, uma paixonite de internet com um carioca que apareceu pela vida. Até estava rolando legal e ficando bem séria, até que uma mentira brochou com tudo. Eu, meio sem paciência, desisti de cara. Ainda o quero muito bem, e de vez em quando nos encontramos por aí.
Outro nerd, as situações que a vida trouxe e outra tentativa de morar juntos. Visões diferentes de vida e futuro, páginas diferentes de uma história que não podia ser escrita com só uma das partes. Outro rompimento.
E esse é meu fiasco. Meu maior aprendizado, constantes transformações. Passaria por tudo de novo (inclusive o amor desperdiçado), porque essa é minha parte ridícula de vida. Essa que tantos querem, e alguns nunca vão ter.
O que me conforta? Saber que de onde veio isso, ainda tem uma caralhada de história de amor pra vir e acontecer – aí então a gente conta e ri (ou chora) na mesa de um bar, daqui alguns anos, porque eu não tenho jeito: vou continuar gostando de amar e ser ridícula.
22/04/2013
Seu texto é tão interessante quanto ler uma bula de remédio. Sua vida é igual a vida de todo mundo, sem por e nem tirar, e seu texto simplesmente não traz nada de novo.
Sentada na Triumph, fazendo charminho de rockeira e, claro, de boca fechada e sem teclado na mão, tive a impressão que tinha achado o amor da minha vida… que decepção… amar é uma decepção mesmo…. só não sei se é ridícula (Y)
22/04/2013
Pôxa Carlos (se é esse mesmo o seu nome), não é uma decepção amar em si. A GENTE se decepciona quando as pessoas não cumprem as NOSSAS expectativas. Aprendi essa lição duramente na minha vida, mas não demonize quem lhe decepcionou, não se envenene com esse sentimento. Seu caminho, acredito, também terá dias melhores. Abração
23/04/2013
A nova moda agora é pegar japa, nao tem erro
29/04/2013
Ridiculo!