Audaces fortuna juvat

“A sorte favorece os audaciosos.”

Me apaixonei tanto por essa frase quando a ouvi pela primeira vez que resolvi tatuá-la alguns anos depois. Originalmente um ditado popular muito antigo, do latim: Audaces fortuna juvat. Tornou-se uma filosofia de vida pra mim após refletir sobre seu significado: quanto mais audacioso e ousado for, mais desafiarei meu destino e, assim,  as chances de me deparar com golpes de sorte aumentam exponencialmente.

Notei que depois da tatuagem me tornei ainda mais audacioso, talvez por me deparar várias vezes por dia com esse lembrete marcado na minha pele. Justamente por testá-la tantas vezes, encontrei um caminho que me leva a extremos: quanto mais ousar, maiores as chances de me dar bem. Exatamente como diz a máxima do mercado de investimentos: “quanto maior o risco, maior o lucro”.

O ato da conquista envolve diversas variáveis mas, sem dúvida alguma, uma das principais é a ousadia. E com ela pode vir a sorte. Não é uma lógica cartesiana, mas uma probabilidade que aumenta à medida que você se arrisca. No começo de uma relação dificilmente conhecemos o outro suficientemente para saber o quanto iremos ou não gostar dele. Tudo parte de uma simples fagulha. A evolução disso até se tornar um incêndio que toma de assalto e transforma um simples interesse em paixão ou amor reside nas apostas que se faz a partir dessa ignição inicial.

Não existe fórmulas para um relacionamento dar certo. Muito pelo contrário: quanto mais se busca justificativas no passado, mais se compromete o futuro. A maior crueldade que um casal pode cometer é trazer filtros e receios de que experiências frustradas de antigos relacionamentos se repitam no futuro. Dessa forma acaba-se balizando o novo pelos parâmetros do antigo. Percebe como aí está a busca por segurança? E você já aprendeu que quanto mais segurança, menos lucro. Ou seja, quanto maior seu medo de errar ou de sofrer, mais morna e igual à anterior será sua relação.

O ser humano tem o vício de buscar segurança em padrões. Nem que seja nos seus. É isso que faz com que deixemos de vivenciar muitas possibilidades de construção de momentos felizes a dois. Medo de “não dar certo” é o que mais amedronta casais no começo de qualquer relacionamento. Mas o que é “dar certo”? Qual o “break even point” que atesta que a partir daquele ponto as coisas deram certo? Existe esse momento? Isso é uma construção diária. Dá certo a cada amanhecer, quando você acorda com a pessoa amada ao seu lado e pensa que não poderia existir felicidade maior em dividir a mesma cama com aquele ser tão espetacular. A cada vez que cozinha com esmero aquele jantar romântico cujo único intuito é fazer o outro mais feliz, torná-lo mais próximo de você, homenageá-lo com o que tem de melhor a oferecer sem exigir absolutamente nada em troca.

Amar implica em doação. É algo inexplicável e injustificável. Simplesmente amamos porque amamos e ponto final. É querer tornar a vida do outro um pouquinho mais feliz. É desejar de forma sincera “boa noite” ou “bom dia”, pois nossa felicidade deixa de residir em nossos anseios para fazer o outro mais feliz. É querer ver o outro sorrir e esse ser o motivo da nossa própria felicidade. A reciprocidade de todo esse processo é orgânica, surge naturalmente do desejo do outro de retribuir todos esses sentimentos bons e sacrifícios. Esse é o lucro. Se tudo isso lhe pareceu atrativo, saiba só dá certo quando temos a coragem de romper com nossa busca infundada por segurança. Essa deve ser construída dia após dia e talvez só verdadeiramente lá no final da estrada. Estamos todos sujeitos às intempéries do destino.

No amor não existe almoço grátis. Mesmo um sentimento bom como esse pode desencadear um processo de sofrimento e ansiedade, principalmente no começo, se as duas partes tem diferentes disposições ao “perigo”. É bem comum que um dos dois entre na relação de freio de mão puxado, acabando por fazer o outro sofrer mesmo sem querer. Normalmente quem se ferra mais é o mais audaz, pois sua aposta é sempre mais alta: aposta de energia, de disposição, de aceitação. Por mais que minhas chances de me “dar mal” sejam sempre altas, escolhi como filosofia de vida ser sincero comigo mesmo. Sou intenso, quando amo o faço de forma descomedida. Mando flores, quero estar o tempo inteiro por perto, muito mais por zelo do que por carência. Quero ouvir atento como foi seu dia e se poderia cozinhar pra você. E sou feliz assim, mesmo quando quebro a cara, pois sei que doei minha verdade. Então mesmo que venha a se partir, meu coração estará sempre em paz por saber que fui o mais honesto possível com ele.

Sempre fui e sempre serei partidário do “all in” quando encontro uma pessoa que valha à pena. E sempre sofrerei com bolos, gelos e DR’s com rolos antigos que roubem meu espaço junto de quem eu quero só pra mim. Mas se essa é a forma de aumentar minhas chances de me deparar com a sorte e conquistar o coração de alguém que realmente acho que valha à pena, vou continuar assim: o Warren Buffet do amor.

SaiDaqui!

PS: Texto (muito bem escrito) de Junior Wm.

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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