É um daqueles dias…

102919guardachuvaamarelo

Hoje é um daqueles dias.

Cinza. Monótono. Arrastado. Corriqueiro. Chato.
São esses dias com revoadas de guarda chuvas e de gente mal-humorada que a certeza que eu sempre tive fica ainda mais evidente: eu não pertenço aqui. Nunca fiz parte dessa gente que não sabe dar bom dia, pedir desculpas ou se levantar para os idosos e grávidas.
Mais do que nunca, me agarro à história de um livro qualquer, só pra tentar fugir da realidade tenebrosa de gente feito boi caminhando para o abate que se espreme, se aperta, se emaranha. Eu fecho os olhos por dois segundos, na esperança ingênua de que o teletransporte aconteça, que uma nave espacial me sequestre ou que até mesmo tudo pare.
Infelizmente, nada acontece. A vida continua com pressa, sem educação e por necessidade. É como se na minha cabeça as coisas passassem em câmera lenta enquanto o moço de terno empurra a senhorinha de turbante para dentro do trem, e tudo parece tão normal que nem mesmo ela se incomoda com a situação. O senhor ao meu lado direito fede, a menina lá no meio do vagão escuta música de mal gosto tão alta que incomoda todos os passageiros. Mas ninguém faz nada. Porque aqui, as pessoas evitam interações.
Nunca vou conseguir entender como é ok empurrar alguém para dentro do trem, aproveitar-se da multidão com segundas intenções e ao mesmo tempo, como é inadmissível pedir gentilmente que uma pessoa diminua o volume da sua música ruim. É engraçado como as pessoas se incomodam com pouco e ao mesmo tempo, preferem continuar incomodadas do que tentar resolver situações simples.
É mais um dia daqueles, em que dá preguiça de acordar, ânimo zero de trabalhar e qualquer mínima chance de ir embora, eu aceitaria.
Mais um dia daqueles, em que qualquer coisa me explode, desanima e sufoca. O dia não passa, a chuva não para e nada rende. O dinheiro não rende, o estômago dói, nada está bom: nem a aparência, nem o humor, nem a alma.
Está tudo chato, sombrio e sem sentido. O que eu tô fazendo aqui?
É, é um daqueles dias. Espero que amanhã faça sol (por dentro de mim).

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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