Escute essa música enquanto lê.
Plano B: não tenha. Não seja. Não aceite. Migalhas não foram feitas pra humanos, e alguém sempre sairá machucado desse cenário (quando não os três).
É normal do ser humano ter medo de ficar sozinho. E o bicho tem até nome: monofobia. Claro que, se pensarmos por exemplo em um cenário onde a segurança emocional de uma pessoa mora exclusivamente na outra, o medo de grandes mudanças ou a insistência em manter-se dentro de um relacionamento falido enquanto procura sua carta na manga no caso de tudo dar errado é um comportamento normal e esperado; mas, é justo?
Não, para nenhum dos três envolvidos.
Primeiro porque a pessoa que age assim perde o senso de amor próprio. Perde também as rédeas da sua própria vida e passa a entregar sua sanidade de bandeija a terceiros. É clichê sim, mas é também verdade: a gente só consegue amar outra pessoa quando ama a si mesmo. Nosso porto seguro tem que morar sempre do lado de dentro.
Segundo porque, indiretamente, transforma a outra parte em prisioneira. Acorrenta na comodidade da rotina e estabilidade e leva junto o peso na consciência e a dúvida na hora de pensar em grandes mudanças, não porque a pessoa não saiba o que sente, mas porque tem medo de como a outra parte vai lidar com a situação. E estar com alguém por medo, desculpe-me, mas não é amor.
Terceiro porque as pessoas esperam seu melhor, e se tudo que você pode prover são migalhas e falsas esperanças, essa se torna uma equação que tem todas as chances de terminar mal. Mais um clichê aqui, a máxima “não faça para os outros o que você não gostaria que fizessem para você” deve ser um divisor de águas nessas situações.
E último, porém não menos importante, porque estamos falando de seres humanos, que tem sentimentos e são machucados sempre que as promessas ou expectativas falham. Acho que a maior covardia de um ser humano é dar falsas esperanças às pessoas, só pelo medo de ficar sozinho.
Ninguém é perfeito e todo mundo tem teto de vidro, eu entendo. A diferença está em como cada um lida com esses fatos. Mudanças são complicadas sim, mas nada paga a consciência tranquila e jogar limpo e ter as cartas na mesa. Sem blefe, sem truco.
Seja completo no que decidir fazer. Entende que o amor é simples, não tente complicar o jogo desnecessariamente.
Pela minha experiência em mudanças drásticas (que modéstia a parte, não foram poucas), posso dizer que esses turning points da vida nem sempre são bons de cara, mas são definitivamente, os que mais ensinam. O tempo traz lições. A solidão traz eventualmente, o amor (normalmente o próprio). A saudade vira lembrança pra ser visitada de vez em quando. E fazer o certo sempre trará paz de espírito.
Nunca dê ou aceite migalhas. Você é melhor que isso.