Cheirar é viver
Sou suspeita quando o assunto é olfato: acho que tenho o nariz mais chato do universo.
Tudo que envolva cheiros, eu tenho pitaco pra dar: sejam eles bons ou ruins.
Cigarro por exemplo, me incomoda. Muito. Frescura, alergia, sei lá. Acho impregnante, fedido, incômodo e feio. Sim, cheiros podem ser feios no meu mundo.
Dama da noite, por sua vez, é doce, simples, agradável e traz boas lembranças. Talvez um misto de inocência e ousadia perdido na calada da noite que faça toda a diferença em se parecer completo. Obviamente, cheiros também podem ser completos.
Isso sem comentar no cheiro de comida de mãe (vó também se aplica), que remete à toda e qualquer coisa boa que existe no mundo: carinho, cuidado, afeição, família e, acima de tudo, amor. E olha que a comida nem precisa ter Sazon para dizer que é gosto de amor. Afinal, se podem ser feios e completos, com certeza podem ter gosto de sentimento, não é mesmo?
Quer cheiro melhor que hidratante de baunilha? De grama recém cortada? De pele com sabonete, fresquinha depois do banho? Ou melhor: de pele suada, logo depois do sexo? Quer cheiro melhor que pipoca em cinema, incenso na varanda ou chuva com saudade?
Enfim, tem tanto cheiro associado à lembrança perdido por aí, que às vezes nem dá pra definir o que é apenas agradável às narinas e o que se mistura com os outros sentidos e sentimentos. Acho que o olfato é um baita feeling completo: Traz um mundo inteiro à tona, sem precisar tocar, ver, ouvir ou sentir o gosto.
Abrir as narinas é deixar o coração falar mais alto: Lembrar do que é bom, do que lhe agrada. Classificar o que lhe incomoda, decidir o que aquilo lhe remete/remeterá no futuro. É criar histórias não ditas, escritas, contadas ou sequer vividas.
Cheire mais. Viva mais. É simples assim.
14/02/2012
Sentir um aroma conhecido no ar me faz relembrar vários detalhes de muitas situações já vividas.
Saem da memória para o pensamento pessoas, lugares, momentos, dias, noites, madrugadas que nunca deveriam ter acabado e aqueles flash´s do passado que chegam a me deixar parado um tempinho, apenas “voando” entre estas lembranças.
Aquele perfume que em cada pele tem um cheiro, aquele bar onde o cheiro da madeira lembra noites e mais noites em boa cia, aquele cheiro de papel novo na livraria que me lembra o gosto pela leitura, aquele cheiro de mato molhado após a chuva que lembra a inútil tentativa de fuga para um abrigo e que, em meio a risos, acabou num longo abraço, num beijo e em uma cama.
Cheiros movem meu mundo. Fixo mais o cheiro das pessoas que seus próprios nomes… acredite.
14/02/2012
http://nostalgiaway.blogspot.com/2011/05/fica-sempre-um-pouco-de-perfume.html