Eu não pertenço mais em você

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[Você pode ler este texto ao som de Glory Box]

Não vou me apoiar em clichês e dizer qualquer coisa dessas que as pessoas dizem quando não sabem exatamente o que dizer, porque minha razão é simples: porque sim.

É que eu parei para pensar em todo espaço da minha vida que você ocupa e tudo em você que me incomoda e cheguei à conclusão que eu quero mais. Mas não te aflija, meu bem: não é culpa sua eu ser essa virginiana maníaca e perfeccionista que tem essa determinação de que as coisas são tudo ou nada.

Não me leve à mal, mas sempre fomos mornos, e morno nunca fez nada pegar fogo.

Entre transas esporádicas e mais ou menos, decidi ficar comigo mesma. Eu conheço meu toque, meu gosto e onde a pele faz o pelo arrepiar. Eu sei minha posição favorita, tenho muitos acessórios e uma imaginação bastante fértil.

Há muito troquei meus tabus e as opiniões alheias por combo de aceitação sexual, e nessa minha busca particular de prazer e descobrimento através de experiências, descobri que você não me completa. Ou talvez ainda pior, não me aceite.

Desculpe o egoísmo, mas minha vida precisa de mais gozo: troquei seu pau por minha mão. Troquei a chatice do sexo agendado para o tocar-me quando eu quiser. Troquei o lençol, vesti aquela lingerie preta com detalhes em rosa, subi no meu salto mais alto e coloquei Portishead pra tocar.  Abri o melhor vinho que tinha em casa, só pra ficar comigo mesma. Ah, e me comprei morangos.

Tirei algumas fotos provocantes, pra satisfazer meu ego e postar em lugar nenhum. Essa noite eu sou só minha,  e pretendo me dar prazer de formas distintas. Vou usar os dedos, os cremes, os vibradores (todos eles) e as bolinhas chinesas. Hoje, tenho gula de prazer e luxúria.

Vou gozar pra mim mesma, gemer alto sem medo do seu olhar assustado, preocupando-se com o que os vizinhos vão pensar (inclusive, fodam-se os vizinhos: se der vontade vou na varanda do quarto e até abro a janela).

Desculpa qualquer coisa, mas vincit qui se vincit (tradução livre, “vence quem vence a si mesmo”). E eu? Me pertenço, me mereço, me quero, me venço.

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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