Faxina Mental
Era mais uma das madrugadas insones. Olhos de coruja de uma mente que não conseguia se desligar por algumas horas. O corpo já pedia arrego, cansado e dolorido como não se lembrava antes ter sentido. E os neurônios insistiam-se em não parar de trabalhar.
Era tanto sonho engavetado, projeto guardado e vontade esquecida que ela não sabia mais lidar com as teias de aranha.
E quando finalmente o fez, selecionou novamente o que ainda fazia sentido. Riu de alguns, claro. As tão inovadores e agora ridículas ideias da mente insana que sempre teve lhe divertiram por alguns minutos.
Sentiu na boca até um gosto de nostalgia. Por uns segundos fechou os olhos querendo voltar naquela época, onde as preocupações (e as contas) eram menores.
Com ideias agora limpas e reformadas, pegou a pasta nova da cabeça com aquele monte de vontades em espera, e decidiu que seria saudável juntá-las. Organizou o cérebro com tudo que ainda lhe valeria à pena. Gostou do resultado. Decidiu colocar tudo no papel.
Ia custar caro confiar apenas na memória. Fez uma lista, enviou e-mails. Escreveu mais um pouco, acalmou a ansiedade. E o estômago, que vivia insistindo em doer sempre que pensava em mudanças drásticas (de novo).
O pobre coitado era tão novo e já tinha passado por tanta coisa, que nem sabia dizer mais se aguentava o ritmo que aquele guria insistia em ter. Urrou um pouquinho, só para lembrá-la que precisava comer algo.
Comeu algo saudável, tentando agradá-lo para que não doesse mais.
E a cabeça não parava. Quanto mais o tic tac do relógio andava, ela sentia que ainda dava pra fazer mais. Pensar mais. Complementar aquela ideia. Falar com fulano sobre aquele projeto. “Talvez isso me dê dinheiro” pensava consigo mesmo e se animava mais.
Foi assim até o amanhecer. Só parou porque o dever lhe chamava.
Uma madrugada de olhos preocupados, corpo cansado e faxina mental.
Uma manhã de novos sorrisos, ânimo reciclado e a esperança uma vida inteira de prosperidade embaixo do seu nariz.
SaiDaqui!
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