Libertina
Thais era uma menina super extrovertida, de muitos amigos e sonhos. Tinha gostos simples e vontades mil.
Tinha horror a todos os padrões e convenções que um dia a sociedade tentou impor: de beleza, comportamento e sexualidade. Tinha um espírito rebelde cheio de causas e dúvidas, e só sabia que seria feliz quando se aventurasse por completo.
Fugiu de casa, da escola e da chatice da rotina. Beijou mulheres, fez tatuagens e foi viver de poesia.
De alma livre, viajou o mundo descobrindo aos outros e a si mesma: provou as mais deliciosas sensações sexuais que as etnologias que conheceu permitiam. Entre ser feliz e ser julgada pelos outros, sempre ficou com a primeira opção.
Fez amor com um estanho que conheceu em Paris: trocaram meia dúzia de palavras e muitos fluídos corporais.
Transou bêbada com um Italiano dono de um restaurante que conheceu enquanto jantava por lá.
Tem memórias de uma ótima transa no elevador, com um Húngaro que mal conseguia pronunciar o nome.
Mas ela queria mais. Ela queria sempre mais.
Em mais uma de suas jornadas poéticas, viu-se na Holanda, após descobrir que um casal de amigos de longa data ali moravam agora. Eles a acolheram, e mesmo sendo libertina sexual, foi sempre calma e educada. Ajudava nas tarefas da casa e era uma pessoa divertida de estar por perto. Vivia fazendo-os rir.
Algumas semanas depois, já haviam estreitado laços e criaram a rotina e o prazer de cozinharem juntos aos fins de semana. Naquela noite fariam lasanha.
Há alguns dias, ele notara o quão íntimas elas haviam ficado nesse tempo e começou a sentir-se culpado por imaginar diversas vezes como seria tocá-la enquanto sua mulher assistia. Tentava ao máximo não pensar nas situações eróticas que o ambiente causava, mas elas sempre o atormentava em sonhos cada vez mais pornográficos.
A situação se tornou tão incontrolável, que passava o maior tempo possível fora de casa, já que mal conseguia disfarçar suas ereções ao vê-las juntas: inventava mil desculpas e horas extras sempre que podia.
Foi ao supermercado buscar alguns temperos e ao chegar em casa, notou que a chaleira apitava sozinha no fogão com a água fervente. Não viu nenhuma das duas por perto, imaginou porque não estavam ali, adiantando o jantar.
Andou mais um pouco e encontrou o vestido de sua mulher jogado no chão. Ouviu um gemido e o coração veio até a boca.
Conhecia aquele gemido mais do que ninguém: ouvira ele nos últimos 12 anos durante a transa. Possuído de ódio ao pensar que ela estaria traindo-o com outro homem, entrou de sopetão no quarto, e viu a cena mais bonita de sua vida: sua amiga visitante estava ajoelhada na cama, estimulando-a oralmente nas genitais enquanto deslisava as mãos nas pernas de sua mulher, que se contorcia como se aquilo fizesse cócegas, mas que não queria que parassem nunca mais.
Ela estava num momento de prazer tão intenso de nem notou a presença do marido ali, que limitou-se a sentar por ali mesmo e assisti-las enquanto acariciava-se de prazer. Thais, ao ver o prazer que ele sentiu ao vê-las ali, passou a esfregar-se cada vez mais no corpo dela, alternando beijos deliciosamente molhados com estímulos sexuais vibratórios. Ficaram ali por muito tempo, até que ela atingisse seu terceiro orgasmo, gritando, sem fôlego e desprovida de pudor algum.
Seu marido chegou ao clímax na mesma hora, ao assisti-la sentindo tanto prazer. Gemeu alto, gozou de olhos bem abertos.
Ao final, estavam os três satisfeitos, cada um à sua maneira: Ele por finalmente assistir cena tão sonhada, ela por satisfazer um desejo há tanto escondido dentro de si e Thais por completar mais uma experiência tão deliciosa em seu álbum de prazeres.
Não trocaram uma só palavra sobre isso: vestiram-se e foram cozinhar juntos, todos com sorrisos largos.
Fizeram a melhor lasanha de suas vidas.