Meio-amor ainda é amor

 

Quanto mais o tempo passava, mais ele entendia que aquele amor não morreria nunca. E por um minuto, não achou que isso fosse coisa ruim de se sentir: porque a dor que tal amor tinha lhe causado há tempos não trazia náuseas, tristeza ou angústia.

O que sobrava agora era a lembrança, de todas as vezes que ela o tocou nos braços e olhou dentro dos olhos. Todas as vezes que ela sorriu sincero, sem graça (o que ele insistia sempre em deixa-la) ou gargalhando-se de coisa estúpida qualquer que tivera feito ou dito, só pra ver de novo aquele sorriso que – agora ele sabia – nem em mil anos se esvairia de suas memórias.

Fechava os olhos pra lembrar daquele dia que lhe beijou timidamente, morrendo de medo de que ela não gostasse de tamanho atrevimento, e da tamanha surpresa quando o beijo foi calorosamente retribuído. Sorria com os olhos e pelo canto da boca sempre que contava para alguém como já interrompeu o show alheio só para cantar-lhe a canção favorita.

Ria feito criança pra lembrar de tudo que já passaram juntos, e sentia-se satisfeito por saber que mesmo tantos anos depois, os desencontros que a vida lhes trouxe não os afastou. Depois que a mágoa e a tristeza de não ter dado certo foi embora, restou o carinho que ambos sentiam entre si, e ele sabia que nisso, era correspondido.  Fez-se novamente presente na vida dela, e agora sem medo de dizer que gosta. Sem fantasmas ou mágoas de passados que já nem doíam mais. Sem expectativas ou vontades  impossíveis, apenas gostar.

Perdeu o medo e abraçando-a, disse que a amava. Sabia que dessa vez não seria mal interpretado. Afinal, ela tinha amadurecido tanto, e meu deus, como estava mais encantadora, com um ar de mulher, mesmo que ainda com trejeito de moleca.

Era assim que preferia tê-la: presente em sua vida a qualquer custo, mesmo que apenas como amiga. Porque diferente da maioria da humanidade, ele entendia: alguns amores são adaptáveis e merecem ser vividos, mesmo quando não por inteiro.

Seu meio-amor ainda valia mais que amor nenhum. Até o dia que encontrasse um amor inteirinho pra chamar de seu (dela, ou não).

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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1 comentário

  1. Amandinha! Rs. Leio o seu blog já faz mais de 1 ano provavelmente! Está na página inicial já do Chrome, haha! Me inspirei muito em você e seus texto e decidi criar o meu … Quando puder, dá uma passada por lá!

    Um beijão! Ótimo texto COMO SEMPRE. 🙂

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