Num dia desses a gente se encontra

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[Você pode ler este texto ao som de Could Have Been You]

Te vi passar e instantaneamente te transformei em paixonite aguda passageira, tipo dessas de infância que a gente sabe que muito provavelmente não daria certo, mas fantasia mesmo assim.

Até agora não sei ao certo se o que me encantou foi o seu olhar despretensioso que se encontrou com o meu, seu jeito semi-desleixado e naturalmente sexy ou o cheiro amadeirado doce de quem teve um dia cheio mas está pronto para enfrentá-lo mais um pouco.

Pra falar a verdade, acho que foram as três coisas, somadas à minha imaginação aguçada que rapidamente ganhou rosto, gosto e vontade de te fazer suar. Foi meu quase ímpeto de pedir licença e te roubar um beijo. Foi meu arrependimento no momento seguinte de não te-lo feito.

Não te conheço e nunca havia te visto, mas você foi desses que a mente faz questão de tirar uma foto e deixar estampada no mural de loucuras frustadas e não feitas  que a gente coleciona na vida.

Se eu pudesse voltar algumas horas atrás, talvez tivesse aproveitado melhor a chance e te chamado ao menos para uma cerveja: na pior das hipóteses você teria uma história engraçada pra contar, não é mesmo? Mas isso já não importa: o tempo não volta e eu tenho que conviver com as consequências do que não fiz, consolando-me em construir pra nós dois uma história pra ser vivida apenas em contos escritos.

Engraçado como esse lance de aura, alma, energia e/ou química é quase físico, não é mesmo? Algo aí dentro me deu a certeza que você é muito mais do que os olhos veem.  Acho que pareci uma louca de olho arregalado atraída por um ímã gigante de 1,80m e barba por fazer. Com certeza foram os 5 segundos mais longos da minha vida.

Neles eu inventei uma desculpa sem nexo para pedir informação sobre a própria rua em que moro e te beijei enquanto você me explicava o que eu já sabia. Sua surpresa, meu sorriso sem graça de quem sabe que fez maluquice. Teve você dizendo seu nome, teve a gente mudando os planos da noite para “se conhecer melhor”. Entre aspas sim, porque te decifrei no primeiro beijo.

Teve algumas cervejas, muitas risadas e uma vontade de fazer amor quase palpável. O tempo foi passando e nosso pudor, idem.

Teve você no meu apartamento, teve roupa espalhada no hall de entrada. Beijo na sala, preliminares no sofá e meu gemido no seu pescoço. Teve suor, oral e vinho derramado no tapete.

Teve riso, tesão e vergonha nenhuma em se querer de maneira recíproca.

Teve cuidado na penetração e olho no olho durante o gozo. Teve repeteco, mais beijo, janta e sobremesa.

Não teve pudor, não teve tabu e teve prazer que transbordava. Teve você no dia seguinte e em vários outros.

Teve leveza, clareza e muita vontade constante de estar perto. Teve reciprocidade, teve gozo constante.

Teve necessidade mista de planos e surpresas. Teve história, teve futuro.

Aí eu pisquei e você já tinha passado. Fiquei aqui com meu plano utópico e minha vontade contida. Fiquei aqui, arrependida. Mas saiba que nossa história foi linda, ao menos nesses cinco segundos de amor que tivemos.

Quem sabe outro dia desses a gente se encontre.

Mas cuidado, menino: sou meio maluca, dessas que fantasia amores de livros em encontros casuais.

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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