Oi?
De tudo que eu ainda não disse sobre mim, talvez já não convenha mais pensar em dizer: porque meu comportamento é nu assim, sem fantasia de detalhes. Tudo que eu sou e sei eu grito e compartilho, porque minha mãe me ensinou que é feio esconder o sorriso (e o motivo dele) dos outros.
O que eu sou é cru, é simples e não sabe vir dosado: é por inteiro e completamente maluco, pra bater na sanidade da outra pessoa e ver se não amaluquece junto, pra brincar de ciranda com a criança que não deixei morrer. É jeito de moleca na rua, que faz parar a senhora velhinha e elogiar a maneira com que eu converso com seu cachorrinho na coleira, é criança, homem e mulher me olhando de canto pra ver se consegue decifrar todas as cores.
Nem as cores, nem por dentro: talvez eu goste de ser assim, sem clichês e definições de beleza. Talvez eu goste de causar sorrisos e desejos involuntários, e isso nunca quer dizer que eu goste de ser provocada em público: talvez meu dedo do meio seja mais rápido do que meu cérebro. Desculpe pelas risadas em volta quando eu te deixar sem graça.
Desculpe o sorriso que escorre pelos olhos quando sorrir é pouco pra demonstrar. Talvez essa seja a primeira vez que eu não saiba quem eu sou, e fico completamente feliz por isso.
Talvez eu tenha entendido que o meu eu é cheio de mudanças, e que isso não faz de mim menos eu mesma: pelo contrário.
Oxalá continue me apaixonando por sorrisos, cheiros e crianças todos os dias pelas ruas. Que os brilhos de olhar e de toque nunca se amornem. E que eu esteja sempre em toda mudança que a vida quiser me dar.
Que meu santo bata com mais mil pessoas, mas que eu nunca deixe de ter com quem brigar: que a discórdia me prove que é bom não estar sempre certa. E que as pazes sejam ainda mais divertidas do que a amizade de antes. Que o perdão continue renovando. A fé, a vontade, os sonhos.
Que os sonhos que eu tenho na vida, não sejam nunca apenas de padaria. E que um dia, esse texto faça sentido.
Amém.