Sobre internet, imaginação e sexo.
Nunca haviam se visto.
Contentavam-se com algumas palavras trocadas via internet de tempos em tempos, uma vez que ambos namoravam outras pessoas por mais tempo do que podiam se lembrar.
Mas quando se falavam, era como se conhecessem há anos e que, a qualquer momento estuprar-se-iam. Era uma vontade intensa e contida de transar que nunca havia sido dita ou demonstrada, por nenhum dos dois, mesmo que ambos sentissem.
Eles sabiam, que se um dia se encontrassem, teriam problemas para se controlar.
Ele sempre a imaginara macia, cheirosa. De pele levemente morena e altamente beijável. Na imaginação que ele algumas vezes levara consigo para o banheiro, ela tinha dedos compridos, mãos suaves (sempre pintadas de vermelho) e um beijo que conseguia ser intenso e delicado ao mesmo tempo.
Sabia que podia falar besteiras ao seu ouvido e depois do sexo (imaginário) tratá-la com toda a ternura do mundo, pois assim o era também. Gostava de possuí-la em sua mente, onde puxava-lhe os cabelos de quatro enquanto ela sempre gemia alto e pedia mais.
Transavam sempre no banho (dele) e habitava vários de seus sonhos eróticos. Aparecia sempre de fio dental, exclusivamente preto, já que contornava todo o colorido das tatuagens que possuía pelo corpo.
Tinha curvas que suas mãos já conheciam de cor e salteado, mesmo sem nunca tê-la visto pessoalmente. E apesar de todo o tesão e vontade que nutria, nunca deixara de tratá-la bem quando conversavam. Tinha um misto de culpa do que nunca aconteceu com desejo intenso de que um dia acontecesse de verdade.
Sumiram-se um do outro por uns tempos. Até que deram risada, anos mais tarde, ao descobrir que habitaram mutuamente o sonho erótico um do outro enquanto nada permitia a coragem de dizê-lo. Agora, casados há 10 anos e com dois filhos, sentiam-se à vontade para rir do que a internet uma vez uniu sem precisar ter realmente dito. E comemoraram transando ainda melhor do que qualquer dia haviam imaginado.
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