Sorrisos de tristeza
Era uma menina idiota.
Conseguia romantizar as situações mais banais que aconteciam na vida. Constantemente sentia-se vivendo um conto de fadas, e sempre na ótica otimista de quem passa por maus bocados e crê cegamente que logo vem o desenrolar da história e o felizes para sempre.
No começo, adorava ser assim.
Tudo era lindo e até as piores situações viravam boas histórias mais tarde, sempre contadas de um jeito ameno e sábio, fazendo parecer que até no caminho mais horrendo que havia pisado, ainda haviam flores. Até hoje não sabe se ela fazia isso para convencer os outros ou à ela mesma que talvez não tenha sido tão ruim assim.
Quando tudo parecia perto do fundo do poço, gostava de imaginar que estava numa montanha russa, e que logo o carrinho da vida a levaria novamente para o topo. Tentava não se preocupar tanto, mas as lágrimas de tristeza sempre a traíam quando sozinha no escuro.
Chorava sempre quando ninguém pudesse ver. Aos olhos de outros tinha que continuar parecendo forte e otimista. Aquela guria de sorriso inabalável e bom humor constante, que não economizava ao distribuir abraços ou afagos. Descontava a tristeza em palavras. Aliás, escrevia textos perfeitos quando deprimida. Dava à eles um ar blazé que quanto mais tristes, mais bonitos ficavam.
Descobriu que, no fim das contas, aquilo lhe fazia um bem enorme. Engolia então o choro e pensava consigo mesma “isso também vai passar”. Procurava um lado bom na história trágica que estivesse vivendo. Se não encontrasse um, inventava.
Sabia que era uma ideia ilusória e otimista demais em romantizar tudo o tempo todo. Era uma maneira de viver que se definia Pollyanna (ao pé das letra, eu diria) demais.
Menina romântica e idiota que era, sabia de si. Mas quem podia julgar?
Distribuir sorrisos na tristeza foi o único jeito que encontrou sentir o gosto da felicidade em meio à tantos terremotos que a vida insistia em mandar.
Agora SaiDaqui!
26/07/2012
Como sempre você brilha com as palavras.
Conheço muitas pessoas assim e não vou dizer que por vezes me vi nessa situação.
Sorrir pra não chorar, gargalhar pra ter força e ver a roda girar.
Adorei!
Beijos