Terças. Chuvosas.

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Talvez por culpa da Disney e das novelas mexicanas (contém ironia), mas a verdade é que a gente passa uma vida toda ouvindo histórias mágicas de contos de fadas com pitadas de amores perfeitos e clicks mágicos de timming com cenas exuberantes e passarinhos cantantes, e, no entanto, ninguém fala da beleza das terças. Principalmente as chuvosas.

A verdade é que os dias comuns preenchem grande parte do cotidiano e são os que contém a maior beleza do convívio. Porque é na rotina que a gente ama de verdade: no comprar um remédio, fazer uma sopa e trazer cobertor pro outro quando está com gripe. É normalmente no dizer coisa rotineira, como “vai descansar, hoje eu lavo a louça”, no “dorme mais um pouco, vou preparar o café” e no “comprei seu chocolate favorito” que dá pra entender o “eu te amo, eu te cuido” que vem implícito na frase.

Por favor, não me entendam mal: claro que o óbvio precisa ser dito. Grandes momentos de romantismo e declarações de amor serão SEMPRE necessárias para a saúde de um relacionamento amoroso. Mas meu ponto aqui é: você consegue enxergar além disso? Consegue sentir amor e cuidado nos gestos simples e corriqueiros do outro? Ou vive somente projetando expectativas de grandes momentos o tempo todo?

Porque olha, vem cá: esse lance de conversar com passarinhos e beijar na chuva o tempo todo só funciona no cinema, mesmo.  A vida real tem boleto pra pagar, celular no bolso que não pode molhar e o gás que precisa ser trocado para poder fazer janta.

Ah, e tem mais: se você, assim como eu, tem uma personalidade mais de querer cuidar do que se deixar ser cuidado, esses momentos são ainda mais importantes, já que por pré definição exigem que percamos o controle do cuidar e permitamo-nos ser cuidados de alguma forma. Sabe o que isso significa? Que você se permitiu chegar num momento de se deixar baixar a guarda e aceitar que outra pessoa lhe carregue: um sinal forte de que a confiança e o amor ali já habitam.

Se meu conselho vale de algo: permita-se enxergar os pequenos sinais. Valorize o tempo a sós vendo Netflix. Diga que ela é linda quando está de pijamas e meia furada. Compre a comida favorita dela. Conte uma piada, faça-a rir até ela soltar aquele barulhinho de porco que ela tanto tem vergonha. Façam um campeonato de arrotos. Dancem sem música no hall antes de sair, dê bom dia com um beijo na testa. Deixe o amor florescer onde menos parece haver romantismo. Arrisco-me apostar que são nesses momentos que habitam a base mais sólida de um relacionamento.

autor: Amanda Armelin

Bocuda, nerd, tatuada. Cervejeira de carteirinha e louca por cachorros (principalmente bulldogs). Além do sorriso no rosto, mantém paixão absoluta por bacon e sexo.

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