Passei a vida feito barragem: contendo sentimento, escondendo emoção, segurando palavrão.
Não tome demais, não pega bem. Não se tatue demais, as pessoas vão te julgar. Não ria alto, incomoda os outros. Não transe no primeiro encontro, não é aceitável.
Mas sabe o que é? Ser barragem insiste em transbordar de vez em quando, e cada gota que eu permitia escorrer, trazia um sabor incrível ao tempero da minha vida.
Só fui feliz quando me rompi. Quando virei cachoeira, quando as coisas que eu guardava não cabiam mais só do lado de dentro.
Descalcei os sapatos e peguei o primeiro avião pra qualquer lugar que não fosse onde eu sempre estive. Fiquei bêbada, fiz uma tatuagem, ri como se não houvesse amanhã e transei no primeiro encontro. Conheci gente incrível e fiz história na minha história até então sem sal. Adicionei pimenta e fiquei com sede de conhecer outros temperos mais.
Tirei a coleira de todos os meus demônios e aprendi que a diferença do meu sorriso estava em adestra-los ao invés de sufoca-los.
Foi quando a opinião do mundo deixou de fazer diferença em mim.